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Em tempos de Transformações, para além da Resiliência…

Nestes tempos VUCA, onde a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade são as novas constantes em nossas vidas, no trabalho e nos negócios, a resiliência emerge como um dos fatores relevantes para navegar nestas águas turbulentas e de sucessivas crises e transformações.

Volatilidade

Quando falamos da volatilidade, Ray Kurzveil, Diretor de Inovação e Engenharia da Google, diz que estamos entrando em uma era de aceleração. Os modelos sobre os quais a sociedade está baseada em todos os níveis, apoiados em grande parte em um modelo linear de mudança, terão de ser redefinidos.

Devido à força explosiva do crescimento exponencial, o século XXI terá o equivalente a 20 mil anos de progresso que serão concretizados ao ritmo do progresso atual: as organizações precisam ser capazes de se redefinir em uma velocidade cada vez maior.

Incerteza

Quando falamos da incerteza, duas metáforas são representativas: a primeira é a do Cisne Negro, de Nassin Taleb, para representar o papel do oculto e do imprevisível na definição dos rumos de nossas vidas e dos negócios. A segunda é a do Elefante Negro, de Adam Sweidan, resultado do cruzamento do Cisne Negro e do elefante em uma sala de cristais: ou seja, um problema que é visível para todo mundo, mas que todos querem ignorar.

Ao contrário da primeira metáfora, que representa eventos que não temos como prever e nos preparar, a segunda permite uma preparação para enfrentá-la. Isso porque quando Elefantes Negros chegarem, poderemos confundi-los com Cisnes Negros – que ninguém poderia prever, mas que já eram visíveis e previsíveis há muito tempo.

Complexidade

Quando falamos da complexidade, partimos da constatação de que a ciência já não conseguia responder às realidades encontradas no final do século passado. Surgiam problemas cada vez mais complexos, multifacetados, que nenhuma área do conhecimento isoladamente podia sequer entendê-los, quanto mais resolvê-los.

A complexidade é uma forma de pensar o mundo e as coisas que nele existem, com suas relações e inter-relações, não de maneira simples ou unilateral, mas buscando considerar os diferentes aspectos que o compõem, sem a ambição de se chegar a uma clareza ou definição fechada das diferentes realidades.

Edgar Morin afirma que é preciso encontrar um modo de pensar, ou um método capaz de responder aos desafios da complexidade. Não se trata de retomar a ambição do pensamento simples, que é a de controlar e dominar o real. Trata-se de exercer um pensamento capaz de lidar com o real, e dialogar e negociar com ele.

Ambiguidade

Quando falamos de ambiguidade, nos referirmos às coisas ou situações que podem ter mais de um sentido ou significado. A ambiguidade pode apresentar a sensação de indecisão, hesitação, imprecisão, incerteza e indeterminação. O mundo no qual vivemos hoje é ambíguo, as coisas não somente podem ter mais de um significado, como estes significados variam de acordo com a perspectiva de quem o analisa, ampliando o grau de complexidade e de incerteza em relação ao fenômeno estudado. Estas diferentes perspectivas emergem principalmente da crescente e necessária diversidade do mundo, tanto nas suas dimensões pessoais (como raça, gênero e cultura) quanto profissionais (como equipes com diferentes perfis pessoais, formação acadêmica e profissional).

Resiliência

Neste mundo cada vez mais surpreendente, em um equilíbrio instável e ainda sob forte impacto dos desdobramentos da revolução da técno ciência da segunda metade do século XX, a resiliência é um dos fatores mais citados para enfrentarmos esta realidade, tanto na vida pessoal como profissional.

Mas até este conceito precisa ser revisitado e atualizado à luz dos novos tempos. Não basta mais sermos resistentes às crises, e superá-las somente para sobreviver.

Resiliência é um conceito que tem origens na física e significa a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após serem submetidos a uma deformação elástica.

Nos negócios, ser resiliente é necessário para superar as crises no mundo VUCA, visando voltarmos à situação normal anterior, pré-crise. Na nossa vida pessoal, configura a capacidade do indivíduo em lidar com adversidades, superar pressões, obstáculos e problemas, e reagir positivamente a eles sem entrar em conflito psicológico ou emocional.

A resiliência é a capacidade que temos de ser flexíveis em nossos pensamentos e comportamentos, nos momentos que estamos enfrentando as dificuldades turbulentas do dia a dia. Seja na vida pessoal, seja nos negócios.

Mas, com certeza, hoje precisamos de uma abordagem mais robusta, não só para resistir e superar as crises. Como o estado de mudanças e transformações é constante, precisamos ir além da resiliência, desdobrada e aplicada a partir do conceito original da física. Neste sentido, novamente Nassin Taleb nos propõe uma nova perspectiva, mais robusta, mais atual e alinhada com os tempos em que vivemos.

Antifrágil

Ser antifrágil, do inglês antifragile, significa o oposto de frágil, é algo que melhora quando está diante de uma situação inesperada. Vai além de resistir e superar a crise, gera novas oportunidades em que se beneficia com a crise ou com o caos. Significa superar as crises crescendo, melhorando, evoluindo.

Taleb usa uma figura de linguagem contrapondo o conceito de fragilidade, algo que quebra ou se desconfigura quando submetido à uma pressão ou efeito externo. O antifrágil seria o oposto do frágil, ou seja, algo que melhora, se desenvolve quando submetido à uma crise ou situação inesperada. É um conceito que deriva da teoria do Cisne Negro, como enfrentar o incerto e o inesperado, seja na vida pessoal ou dos negócios.

Resiliência está associada à ideia de resistir à mudança, superando crises sem ser afetado por ela, sem se alterar. Nesta abordagem da resiliência as crises, o caos e o inesperado não permitem que se melhore, somente que se sobreviva, permanecendo no mesmo estado anterior.

Antifrágil está associado ao enfrentamento dos eventos inesperados e caóticos e o crescimento a partir deles. Significa que temos que aprender a nos fortalecer no caos e não a evitar as crises, que são inevitáveis no mundo VUCA. Enfrentando e crescendo com as crises abordarmos mais o crescimento pós-traumático de uma crise do que o estresse pós-traumático.

Neste cenário, emerge o líder e as empresas que enfrentam, superam e crescem com estas situações. Esta visão nos permite encarar o inesperado e as inevitáveis crises com naturalidade, equilíbrio emocional e a flexibilidade necessárias para aprender e crescer. Isto muda a questão da prevenção de risco, da busca insana e impossível do risco zero e da antecipação das crises.

Nesta visão, começa a fazer mais sentido uma perspectiva otimista frente à um mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo, pois potencializa a afirmação de somos a primeira geração a contar com pessoas, ideias e recursos para crescer a partir dos enormes desafios que o mundo nos apresenta, reduzindo as desigualdades e os graves problemas que enfrentamos na sociedade, nas nossas vidas pessoais e nos negócios.

Educação como meio para evoluir

Neste sentido, cada vez mais se reafirma a importância da educação e da inovação para empreendermos a necessária transformação na forma como aceitamos e enfrentamos as crises e o instável equilíbrio da sociedade que vivemos. Os múltiplos saberes associados na busca de soluções para os problemas complexos. As contribuições das ciências sociais, das artes e das humanidades para incorporar de forma consciente e crítica as novas tecnologias na sociedade.

Ensinar a viver no mundo de hoje, aportando os conhecimento e aprendizagem fundamentais para apoiar a tomada de decisões, pessoais e profissionais, sob condições voláteis, incertas, complexas e ambíguas. Sem reducionismos e maniqueísmos. Com a necessária solidariedade e responsabilidade global em mundo cada vez mais interdependente.

Este artigo é de Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e coordenador do MBA de Transformação Digital e o Futuro dos Negócios do PUCRS Online.

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